Desde menino que aprendi a confessar-me. Ainda que não houvesse cometido, sempre inventava um pecadote. Pizza de camarão é pecado sem originalidade. Venal. Osvaldo di Lorenzo, um amigo paulistano, e por isso, dizia, e tinha peso o dito, que pizza não era arte culinária. Hoje lhe diria que tampouco a culinária é arte, senão efêmera.
Ora, ora, vamos eu sei que nada chega a ossificar. Mas dei-lhe tanta atenção que passei alguns anos tentando dar à pizza algo de gastronômico, de arte culinarismo. Se supor que a massa é pão e tudo que vai bem no pão vai bem na pizza, meu irmão mergulhava o pão no Q-suco, os catalães comem pão com açúcar, com chocolate. Dai eu tirei nos anos 90 em Campinas na Pizzaria Fiducia a pizza com nutela e sorvete. Vendia-se, obrigatoriamente.
Antes que me esqueça, meu pecado é o camarão, dois pecados, Pizza e camarão, na pizza. Mussarela de búfalo, de vacum, búfalo não da leite. Douro uns alhos, pouco, junto o camarão descascado, deixo-o fazer-se, fogo alto, um choro de Strega, licor italiano, 70 ervas dizemque, ( a Bruxa, feitiço, enfeitiçar) é a poção amorosa inventada por Bianca Lancia dizemque ela se enamorou de Frederico II dos Staufen a usou e não deu outra. Pois bem, um choro de Strega para flambar, apago o fogo com uma tampa para que não desalcoolize completamente, uns segundos mais de fogo com salsinha e amêndoas picadas miudamente. Boto sobre a pizza já assada, volto ao forno, segundos. Sirvo.