Posso afirmar
categoricamente que meu pathos é o café. Na passagem do estático à
movimentação do excesso, paixão, assujeitamento, da catástrofe.
Minha imperfeição clarificada da mancha no uniforme escolar, desde
lá. Desde antes, a enxada que empunhei, menino, arruando cafezais.
Mas é justo por me assujeitar, a imperfeição que também o é,
meu logos, se há em mim alguma razão outra. Um dia me dei conta que
não tinha coragem de gastar grandes volumes de dinheiro de uma só
vez, tipo um par de sapatos de 200 mangos. Mas fui capaz de gastar 50
mangos num só dia bebendo café.
Busco e busco e
rebusco o meu café. Já tomei os melhores e os piores de Ribeirão,
Bonfim, Berlin, Berna, Barcelona, Coimbra.. Veneza. … Buritizal e
Cravinhos. Mas o mais caro foi em Veneza a nove mila lira, quando
1200 liras valia um dolar, portanto, 9000 dividido por 1200, corta os
zeros, 90 por 12, 45 por 6, 7x6 = 42, sobra 3 ou seja pouco mais de 7
dollares de 1988.
Hoje passei pelo
Mercado Municipal, fui comprar café. Café em grãos, num ponto de
torrefação, que para mim poderia ser um pouco mais claro, mas o
Torrador não teria público, dizque. O local chama-se Cafeteria
Ecológica. O cara é bacana. Comunica-se bem. Vende o seu café! Hoje moia café para A Colorado. Cafezais próprios. Torrefação, ali aos olhos da nossa cara, com
direito aos olores que isso acarreta. Vale o preço que ele cobra, do
cafezinho, de coador ou expresso. Eu compro os grãos torrados para
moê-los lá em casa. De quebra tem um Azeite de coco. Virgem. O mais
estável de todos os óleos, mesmo a altas temperaturas. Ótimo para
um bobó de camarão. Acarajé. Diga-se de passagem, ali no mercado
tem uma banca que vende farinha de feijão fradinho para os Acarajés,
nos poupando de toda aquela trabalheira.