Trata-se de um passatempo. Passatempo de cozinheiro.
Na pior das hipóteses cozinheiro de passatempos. Uma outra hipótese que não quero nem pensar, é que a vida é um passatempo, não sei até aonde terei ganas de inventá-los, nisso invento-me neles, de forma que sou o próprio passar do tempo, na forma de passatempos.
Claro que não resolvo palavras cruzadas, ou sudoku, pois passo o meu tempo. Resolvo e invento-me nos meus passatempos. Me inspiro muito nos demais. Sem os demais,alguns dos demais, os outros, eu não sou nada. E de nada vale ser nada. Assim que os demais são bastante importantes, mas há alguns dos demais, outros que são importantíssimos para mim – tenho a coragem de dizer ( coragem é um dos outros passatempos que exercito), claro que não são suficientes, como eu não me sou suficiente. Assim vamos vivendo. Eu e os outros. O mais divertido é que sou o outro de algum eu muito concreto, não sou o outro de todo eu, que eu não seja. Não quero ser o outro de qualquer outro, isso dá uma cara de manada na coisa, e o som dessa coisa teima em se parecer muito ao balido. A partir do momento que travamos algum contato, você se torna, se transforma, ganha neons novaiorquinos e brilha como outro. Saber que nossa borboleta a bater asas na China está ai, onde você tá, gera uma interferência, francamente, essencial.
Tudo isso para explicar que fiz umas ovas de quiabo. Cozinhei as sementes de quiabo em tinta de lula – não, não brinque com estas coisas, o do outro é verniz -
Coloquei as sementinhas de Quiabo com tinta de lula diluída. Para aumentar o pretume,e aproveitar e salgar a coisa, dei-lhe ao final, shoyo.
Ficou divino. Pena que pouco.
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