Por onde tenho andado encontro amoreiras carregadas. Na porta de casa temos uma. Elas passam o dia a amadurecer. Faço uma colheita matinal e outra vespertina, só colho as que alcanço estendendo o braço, as outras ficam para a sabiá, os pardais, as juritis, sanhaços, até mesmo os anus tem vindo por elas. Já fiz frapês, musses, iogurtes, e gelatina. Por toda parte me deparo com pitangueiras, mas pitangas não são frutas, são pequenos frascos em forma de gomos cheios de aromas, ou perfumes, si quisermos.( Manoel Bandeira, usa si em vez de se, não o pronome reflexivo, mas este si, em caso de). Penso em me ocupar delas, por ora a paixão é amora.
Sou um experimentador. É um tormento.
Hoje fiz um pastel, na verdade uma trouxinha com massa de pastel, recheada com gelatina de amora.
A gelatina de amora perpetrei com ágar-ágar, substância extraída de algas marinhas, um ótimo gelificante, que se mantém sólida mesmo a temperaturas superiores a 70 graus Celsius. O ágar-ágar não se dissolve em água fria. Umas amoras espremi em peneira fina, levei o líquido obtido ao fogo, adicionei uma grama de ágar-ágar e depois que este entrou em ebulição cozinhei por mais um minuto. Botei algumas amoras inteiras. A gelificação se dá à temperatura ambiente.
Cortei um cubo e recheei a massa de pastel, dando-a uma cara de trouxinha do Chapeuzinho vermelho, antes de encontrar o lobo mau. Fritei.
Eu não tinha canela em pó, mas uma boa ideia é misturar canela com açúcar de confeitaria e polvilhar sobre a trouxa.
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