Penne alla Vodka.
Comi essa delícia no
restaurante do Fernando, na rua Padre Almeida nos idos de 1999.
Fernando vinha de uma estadia na Inglaterra, onde fora chef de
cozinha. Juntou uns penics e voltou para Campinas, sua terra natal e
“montou” o restaurante. Tinha receitas novidadeiras. Sua
especialidade era 'pasta'. Dentre tantas a que me saltou dentro do
olho, foi justamente o Penne alla Vodka. Não conhecia Fernando, mas
acabei, de tanto voltar ao local do crime, por conhecê-lo. E num
encontro fora do restaurante, que era decorado com camisas dos clubes
italianos, me passou a receita. O que me encantou na receita, como
nos livros de sebo, foi o olor, o cheiro. Um cheiro bem marcado,
vincado e quebradiço de história. Algo de fungo. Algo de madeira.
Inquietante.
Agora o divertido é que a minha companheira de então
não lhe agradava a pimenta. Ela havia sim comido no restaurante, e
pardeus, apreciado! Mas quando me propus fazer em casa, ela disse-me
assim 'faça sem as pimentas'. Espanto. O resultado foi pífio.
Questionamos a qualidade do sugo, da vodka do toucinho... não
contente fi-lo por que qui-lo outra vez, e porque já se me
adivinhava, com as pimentas. Eureka.
Cozinhe o penne 2
minutos menos do que manda a embalagem, porque ele voltará à
frigideira, terra do molho, para terminar o cozimento, e ao
desprender algo de trigo, ajudar a espessá-lo.
Ao se tratar de uma
sutileza, seja sutil, usando pimentas, mas poucas, secas, entre elas
a dedo de moça, que se pode encontrar seca em saches com a pompa de
pimenta calabreza. Há outras, eu tenho umas malaguetas, que
sequei-as deixando destapadas na geladeira e umas pimentas de cheiro,
idem. O sugo que seja o mais puro tomate, sem aditivos. Tomates
pelados, cozidos, batidos, peneirados e incorporados depois do fogo
causado pelo copo americano de vodka. Faço o fogo, famblo, o
refogado de toucinho bem torradinho, cebola roxa bem dourada, rs, um
dentinho de alho um tiquinho de cada pimenta, que isso não é comida
baiana, deixo o molho engrossar, engrossar a ponto de fazer
craterinhas, como se fosse uma lua vermelha, então como dizem os
portugueses, deito a pasta, mexo e remexo, o divertido é fazer o
molho penetrar nos tubos do penne, desligo, espero uns dois minutos,
para que descanse, ele e eu. Então zás, de colher.
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