Ceviche|Cebiche
Miséria. De Sardinha em lata.
A sardinha em lata é a
metáfora mastigável da pobreza.
Os hispano-hablantes e
os portugueses da região do Porto, confundem “b” com “v”. No
Porto e arredores, arredores próximos, posto que estendidos dariam a
Setúbal e seria toda Portucalis, pois bem lá dizem a ''baca'' por vaca entre
outras peripécias símiles e sibilares. Em Espanha é quase
generalizada a confusão entre b e v, porque tem o mesmo som, e na
hora de escrever, e se estende pela América “espanhola”. Cebiche
ou Ceviche e mesmo Seviche; só não pode Zebiche. Nem os peruanos,
quéchuas que inventaram o acepipe acrescentam muito.
A mim as sardinhas em
lata me alegram, me alegram tanto que me fazem abrir largo sorriso, que por nada
se parece ao mais que famoso amarelo sorriso de Monalisa. Fazer o
quê?
Gosto é gosto. Se Andy Warhol tivesse nascido por aqui,
certeza que teria feito da lata de sardinha o que fez com a
Campbells, minha esperança está depositada em Cleido Vasconcelos.
Vindicativo e sardinário faço uma Ceviche Miserável.
A lata de sardinha
sempre foi a metáfora da pobreza, hoje é quase metonímia. “Me
sinto uma sardinha em lata”. Ouvia outro dia no busão uma que falava ao
celular, fazendo caras e bocas, ...“não estou acostumada a andar
de ônibus...” Entretanto a sardinha em lata é um acepipe, um
ágape cujo único defeito é o preço, muito barata, no mais é
comida sã e tem muito omega 3, mais que todas estas capsulas metidas
a bestas, entre outras ondas, e é uma delicia. Dentro do pão. Na
salada. Com tomate. Na pizza.
As latas de conservas,
em geral, e a de sardinha em particular sofrem de preconceito no
mundo da gastronomia. Coisa de espíritos de porcos. Uma das mais
badaladas iguarias e mais caras do mundo é uma conserva. Svruga. Do
Irã ou da Rússia pode escolher.
Sardinha em óleo comestível, cebola roxa, pimentão vermelho, limão, azeite, leite de tigre e pimenta calabresa.
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