Carpaccio de Camarão Cinza, Ferro e Wassabi.



Carpaccio de Camarão com Wassabi.

Dizia Oswald de Andrade que somos um povo, culturalmente, antropofágico. Mastigamos, tiramos as espinhas, engolimos, traduzimos para a nossa cultura e já era.
A tese do Oswald pode ser discutida, mas esta não é a praça que merece essa discussão. No entanto traçando paralelas, tenho visto como a coisa funciona na culinária. Lembro do tomate seco e sua chegada triunfal. Do desembarque foi direto para a pizza, as macarronadas, o café da manhã, o lanche, o chá da tarde etc. Do café da manhã à larica reinou soberano por uns meses, ou ano não sei. Cedeu lugar à próxima novidade. Hoje, há quem faça tomate seco em micro-ondas, nada contra, mas muito menos a favor, sou neutro como o STF.
No entanto antes do tomate seco houve o carpaccio. Cheguei a ver saches e saches de parmesão – tipo sabão em pó amarelo (a granel) cobrindo o disco de carne – lagarto – melecado por tubos de mostarda amarela e semeado de alcaparras. O que fora uma brincadeira gastronômica para italianos virou um prato obrigado a empanzinar brutos.
Com essa liberdade e esquecido de autocriticas é que fiz o meu carpáccio de camarão cinza.
Retirei suas cabeças e cascas do rabo e reservei-as. A sua tenra carne amassei, até que amalgamada formou um disco, sob um plástico e do outro lado do disco outro plástico, levei-o ao congelador. E quando congelado e dez minutos antes de degustar a coisa, pousei o disco sobre um prato onde tinha feito um círculo de Wassabi pasta. O molho que coloquei sobre ele, perpetrei moendo no liquidificador, as cabeças e as cascas com um choro de vinho branco seco. Salpimentei. E viva a antropofagia cultural.





Nenhum comentário: