Cozidão, de Belém do Pará.





Lembro do Ver-o-Peso, com sua infinidade de bananas, onde me deparei pela primeira vez com o roxo Açaí, num prato fundo, que me sustentou por horas, era coisas que buscava comer para sobrar mais para a bebida, Cerpa. As ratas passeavam por debaixo do tablado, ninguém ligava, sorvia o sorvete de cupuaçu. Nas ruas o tacaca gosmento com seus grelos de jambu para adormecer a língua. A tarde caia abafada, era a hora da chuva, quinze minutos torrenciais. À noite, Palácio dos Bares, sobre o rio Guamá que subia com a maré e pelas frestas do chão de madeira do bar via a água subir, lá, Marina, piauiense, me apertou no meio da coluna, mais para o fim do espinhaço a me dizer “ Vem cá paulista, vou te ensinar a dançar esse carimbó” e fomos. Foi lá que vi Elomar, o Trovador, abandonar o palco, pelo barulho dos ouvintes, foi antes do João Gilberto. Namorei em frente a uma igreja, que ostentava azulejos pintados com dois portugueses em terno e gravata um de cada lado de um riacho, por onde desce uma piroga com um índio. Namorei por alguns dias um cozido que cheguei a presenciar o começo de sua feitura, tomava café naqueles momentos, e na hora do almoço sempre me encontrava longe dali, mas um dia a hora e o cozido vieram a calhar. Tinha todos os legumes, quase todos, e carne. A lembrança é do jambu e de um caldo espesso e liso, que se não fosse mandioca bem poderia ser o tacaca. Sei que foi marcante. Permaneci com sua imagem e pouco mais. Depois meu dinheiro acabava, vendi doze dólares que me trouxeram bêbado pela Belém-Brasilia, pordeus! até Ribeirão e uma gabriela até Bonfim.    

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