Desconheço outro olor
que se assemelhe ao da mandioquinha, que não seja o de cachorro do
mato molhado de chuva tropical. Da mesma maneira que o cheiro de
bosque do cogumelo chileno seco. Deixei o cogumelo reidratando em
vinho seco. Enquanto preparava o purê, manteiga e creme de leite na
mandioquinha passada pelo passa purê. Depois botei os cogumelos em
caldo de carne e fui aquecendo-os, engrossando o caldo, os olores
foram se misturando na pequena cozinha. Acho que engordo só com os
cheiros. E prova daqui, e prova o sal dali. Minha auxiliar, me diz '
deus do céu precisa sujar tanta colher?'
Aprendi em San Lucar la Mayor a usar a colher para provar e botar
para lavar, e ensinei-os a provar na palma da mão como você faz!
Vamos variando. Verdade só o que passou, e ainda com vários prismas
interpretativos, a minha, a tua visão e por fim a síntese disputada
do nós. Esse cheiro de bosque profundo, vivo, com uivos de lobos,
condicionado no prato, a entrar pela boca, narinas. Bom. Muito bom.
Vinho tinto bruto, nervoso, cheio de arestas como se fossem as
folhinhas agulhadas de pinheiros, como amor depois de desentendimento
necessário àquele beijo mais mordida de lábio que beijo em si.
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