Um dia no El Bulli. Alqueria. SanLucar La Mayor - Sevilla. original deste blog.
Há sempre um
livro nestas páginas em branco, uma vida nesta cronologia sem
espaço.
Sou um estranho
neste jardim.
Rapazes e moças "
Chefs" do ElBulli- Alqueria - por cinco meses. Neurocirurgiões
operando o próprio Deus, Miguelangelos descascando o mármore em que
Davi se esconde. Então mandam: espátula, sim; faca, sim; Coador
chinoix, sim: manteiga clarificada, sim; redução de carne,sim;
prato para 'empratar', sim.
Andam de um lado
para o outro carregando a certeza de que irão decidir a sorte da vã
humanidade.
A compenetração
e seriedade tangem o obtuso. A ubiquidade: ser, prato e ingredientes
-necessária - . Mas a flauta é mais feliz que o flautista, e a
música se perde no vácuo dos ouvidos moucos.
Chego a achar que
falta vida ao prato, uma fumacinha talvez - aquela fumaça quase
protagonista nos filmes cults que têm como 'cenário' San Francisco
ou bairros pobres de N.Y. - que seja uma fumacinha subindo do filé,
como sinal de vida, ou de vida vazando, que viver é vazar em...,
algo além da obtusidade fulgurante do fenótipo "belo". E
por pequeno que seja um dedal, ele transbordará se uma cabeça de
alfinete ai for vertida, para a felicidade.
Asséptico,
pasteurizado, é o mundo privado de qualquer barroquismo - ainda que
se permita um certo rococó da bisnaga de redução de balsâmico
ziguezagueando pelo prato, da erótica gota de caldo de carne,
grosso, como fosse um purê finíssimo, colocada ali para que jamais
termine de incidir sobre o fundo branco, de um prato que em sua
demasia é branco.
trufa.
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