Bacalhau com pé de porco.



Coisas melosas e grudentas, pegajosas, colagenosas, gelatinosas. O pé de porco é o território do colágeno. Não sei para que serve o colágeno. É preciso saber? Eu não sei. Mas ultimamente as matérias-primas do forno e fogão vão a passos de Aquiles se tornando remédio, a medida que os remédios se tornam alimentos. Ontem no Jornal A Cidade, o Dr. Dutra, nos deu a saber do Nutrólogo. Anda ya! boludo! como diria Maradona. Noutras palavras, não sei se a medicina quer encampar a culinária, como há muito os alienistas roubaram, do direito penal – das cadeias - os loucos, para constituir a psiquiatria penal – manicômios - , coisa que hoje, abandonaram aos serviços sociais. Pois o louco – psicótico - não se pensa louco, nem doente. Se pensa Napoleão, James Joyce, Abdul al Rafik. Não dão lucro pois como diz o ditado: é louco mas não rasga dinheiro. E em nome da composição da personagem são capazes de comer qualquer coisa. Quem se pensa doente é o hipocondríaco – o neurótico - dá lucro, não precisa prendê-lo, ele próprio busca os divãs, as farmácias, os cinzentos médicos homeopatas, (incrível como os médicos homeopatas ganham essa cor mineral, ou vegetal carbonizada, essa cor de borralho) e as dietas sem os menores rudimentos de um belo vestido de verdade aparente.
Enfim, por incrível que pareça, o pé de porco se dá muito bem com o bacalhau e ambos não vivem sem pimentão e azeite e alho.


Cozo o pé de porco imerso em vinho branco seco chapinha com louro, pimenta do reino, alho, cebola; e quando ainda tíbio, livro sua carne de cada ossinho. Pico regularmente. Reservo.
Frito em azeite pimentões vermelhos e verdes cortados em quadros. Reservo. No mesmo azeite frito o pé de porco. Doppo o bacalhau, ligeiramente.

Faço um alhioléo, azeite e alho no liquidificador, gota a gota, batendo, até espessar.
Num molde circular boto alternadamente pimentão verde, pé, pimentão vermelho, bacalhau e fecho com alhioleo.
Levo ao forno. Quando o alhióleo dourar. Como.



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