Comida de Boteco: Baião de dois.


Antes, confesso: cometi uma heresia, no sentido de blasfêmia, relativa a gastronomia cearense. Trabalhei num restaurant ( com todos os erres) onde o pessoal da cozinha  era do Ceará – Alex Atala e outros nos denomina de “brigada” - . O franco italiano era na verdade francamente cearense, e a brigada mais parecia uma volante, em busca de sangrar a Virgulino, perfumado. O que perpetro não é um verdadeiro Baião-de-dois, ainda que não me acuda neste momento esta ontologia. Mantenho-o, 'Baião de dois”, para manter a blasfêmia e a sua confissão, coisa da qual ando a ter saudades. Sempre gostei de confessar. Confessar era o meu verdadeiro pecado. Mentia. Para não narrar todo sábado de mesmas masturbações, inventava algum vicio de três ou quatro painossoqueestaisnocéu. Era tão tolo que não inventava coisas graves, pois temia ter que rezar o creioemdeuspai, que nunca o soube. Tinha um amigo gago que era santo, pois rapidinho o belga Josep Maria Meyer traçava a cruz, e la vinha o Gui, gaguejar em silêncio.
Outro dia comprei feijão de corda. É mais arredondado que o fradinho, mais terroso e faz um caldo cor de terra que o fradinho não faz.
Eu escolhi bem o feijão, encontrei duas pedrinhas em meio quilo dele. Deixei demolhando por 2uas horas. Cozinhei em abundante água, a ponto de ter os grãos inteiros. Com a água do feijão, cozinhei o arroz. Fiz um refogado de alho, cebola e coentro picadinho, depois, somei linguiça de pernil, fina, juntei o arroz e o feijão, retifiquei o sal, e quando tudo estava quente, botei cubinhos de queijo meia cura.
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