Lula à Barra do Sahi.





A Barra do Sahi propõe um isolamento aconchegante. Começa pela visão, limitada pelas Ilhas, que se tem do Atlântico. As Ilhas rarefazem a mania que tenho de pensar o outro lado do oceano. África.
Se as Ilhas delimitam a fronteira oceânica, a mantiqueira acerca, a fronteira continental, depois os dois braços da ferradura terrestre que avançam mar adentro. É uma geografia reduzida. Aconchegante. Um dia fiquei esperando toda a manhã, a que aparecesse o Delfim Neto, dizemque, estava por lá em sua casa vora al mare. Delfim não apareceu.
No Sahi havia, não sei se ainda, uma pizzaria que se chamava Sahistifeito. Nunca comi nada lá, era Joyce em demasia. Joyce em demasia é Jô Soares, é trocadilho.



Alguma vez comi no restaurante Fundo de Quintal, por isso mesmo, que a sala de serviço tinha o piso de areia. Lá comi lula com pimentão verde, alho, cebola e vinho branco. E era assim; lula puxada na frigideira, com este refogado já pronto, ao ponto. A lula tinha cozimento breve. Há duas diferenças com a que proponho: uma é que a lula era nacional, menor, mas com sabor infinitamente superior, poderia ainda ter sido melhor se não houvessem tirado da pobre toda a linda pele lilás. A pele da lula enobrece seu sabor. A outra diferença é que; primeiro passo a lula por azeite bem quente, então junto pimentões, cebola, alho e quando as verduras estão no ponto, dou-lhes umas colheres de vinho branco seco, uma pitada de pimenta do reino e deixo para salgar no prato. É muito rápido. Assim que quando tudo está no máximo de desprendimento de sabores e olores, o apetite aguçado e que se come. Sem mais delongas.  

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