Comida para Ler.


Esta é a última do ano.
A original veio daqui. um blog antigo.



Antesmente digo: com minha borgisofia que escrevo ou que leio acompanhado de M.V. Montalbán, L'Art de menjar a Catalunya, Néstor Luján y Juan Perucho, El libro de la cocina Española e Alvaro Cunquero com sus Chimeneas de Galicia. Sigo estreitado por Brillat-Savarin que li e reli seu Fisiologia do Gosto e com um olho gastronomico-dialético, por uma miopia adquirida. a ler o Manifesto Comunista, tudo com um certo convolucionismo, de milho nos joelhos,  por ter lido Ulisses de J.Joyce.
Nessas andanças descobri que, João Cabral de Melo Neto fazia a cabeça de jovens barceloninos nutrindo-os do seu peito cerebral com o leite esquerdista.


A Arte.

Todas as pergunstas no tocante a comida e o comer dizem respeito à gastronomia. Dito isso, digo de supetäo: Gastronomia é arte e uma arte dificil e delicada. Näo vivo para comer, ainda que muito coma para viver. Com pouca correção politica, penso como comida, desde a etérea fumaça do cigarro ao incrivelmente sólido torresmo. Diz Alvaro Cunqueiro "cosa del espiritu es la cocina y arte suprema".
Temos uma capacidade imensa e quase insana de sublimar nossas necessidades,  com isso tornamos sublimes o que tocamos, pois quando tocamos o objeto de nossa necessidade, ele já näo é, tocado que foi.
Esta é a flor encantada, cultivada dia após dia: A Civilização ( ainda que ao meu amigo José Gabriel historiador e músico lhe brotem urticárias perante tal palavrota), que se não tomada a pulso, tudo se pöe a perder, por um simples vento sem direção, diante o nosso impulso de regressão, mas sem descanso a cultura e a civilizaçäo tudo corrige, segundo seu eixo.
Foi a sublimação dos sentidos que nos permitiu varias categorias de Belo.
Isso serve para estabelecer os paradigmas do belo. Quando o belo surge da sublimação do ouvido (ouvir) ai temos a música, como arte do ouvido. Fica fácil partindo dai estabelecer o que é, e o que não é música, no sentido de ser arte,  portanto bela, e quando esse belo está além do fetiche e do vício de consumo. Fetiche produzido por qualquer dos métodos que o vendedor e suas áreas técnicas colocam em ação.
Não me cabe discutir se vender é arte ( arte de vender) ou se existe uma arte do consumo, coisa que acredito, a intuo.
O quê de meu interesse é que, com a sublimação do gosto, salta ao palco da beleza e do belo a: Gastronomia.
A gastronomia apoiada no gosto, se espalha por outros sentidos, a visão, o olfato e muito a imaginação. É a imaginação que nos permite criar o mistério, e esse mistério na busca da desconhecida criação artística, do belo,  é a fonte energética que faz rodar a dialética da criação.
Quando imaginamos a criação não sabemos o final da obra. Temos as técnicas, os paradigmas; seja de onde partimos, e com os meios técnicos, a cultura, a sublimação devida e necessária, para alcançar o belo.
Brillat-Savarin sec. XVIII dizia " O descobrimento de um novo prato faz mais bem a humanidade que o descobrimento de uma nova estrela". Ele era um poeta e como tal vivo não foi levado a sério.
Criar é dificil. Partimos sempre da cultura com muito cuidado para não despetalar esta flor. Rossini foi quem combinou macarrão com trufas e como músico foi homenageado dando nome ao famoso filé.

Um comentário:

Nazaré disse...

O (post) antigo inaugura o novo (título do blog). Acho que é assim mesmo que deve ser: criar/cuidar da flor encantada.

Quanto a mim, continuarei por aqui, comendo seus textos (ou será lendo suas comidas?)