FALSA TRUFA.






Como realizara, em linguagem postiça, é como fazer em linguagem castiça. Sentiu o caminho, como funciona o sistema de quase antagonismos. Não há antagonismo entre o falso e o verdadeiro. Há uma derrapagem. Como dizia Riobaldo: Em falso receio, desfalam no nome dele – dizem só: o Que-Diga.
É pura matreirice do matuto, digo eu. Sabem até como lidar com o Pé-de-pato, e alargam um sorriso na cara do estrupício. Mas... a coisa mudou tanto que realizamos caipirinha, sexo e por incrível que possa parecer fazemos cinema, justo o que é de se realizar. Assim o postiço tem cara de castiço. E como já dizia Umberto Eco: o falso é “more”. Li, li sim. Foi um tempo que para ser grande, não bastava ler o Nome da Rosa: Ah! Umberto Eco, dizia a voz pasmada, quero é ver ler Semiótica e Filosofia da Linguagem. Ah! Meu velho, poderia ser Livre-Docente na sua escolinha, por tanto digo que folhei e é dai que vem esse “more” qualidade de fake, onde mostra a coisa americana de uns caras diante de um quando da Santa Ceia, maior e mais bonito, posto que o original andava carcomido e desbotado. O fake É more, dá para sentir o cheiro do pão e o de sardinha do pescador.

Há o falso Borges. A falsa loira. A falsa magra...
Reiteradas vezes tento fazer a falsa trufa. A primeira vez que me deparei com o problema quase me descabelei. Primeiro que se tratava de uma receita de Faisão. Na verdade Faisão trufado. Foi difícil encontrar o Faisão. Depois de encontrá-lo a coisa se complicou, ainda que andasse disposto a comprar uma raspa de trufa, não tinha. Depois que o bicho era tão bonito que dava pena torcer-lhe o pescoço. Com a ajuda do francês adquirido em uma carona de Montpellier à Vintimiglia. Encontrei uma receita de Antonin Carême. (Marie-Antoine) que sugeria algumas outras possibilidades na ausência do tubérculo. Novamente trombei com o universo da impossibilidade, desta vez a do foie gras. Enquanto isso o faisão bicava o milho sem vontade.




 Havia estudado o método de maturação, faisandè. Abandonei as buscas e parti para a experimentação pura e simples. Nariz. Trufa é nariz. A minha memória dava noticias de alho. Não o alho vivo. Mas um chá de alho. Terra. Terra é igual a tomilho e cogumelo.



 Concentrado de cheiro de ave de caça é figado de ave. A textura é de manteiga congelada. Indiquei esta receita a um amigo Chef de cozinha em Campinas, para que usasse na sua Galinha d´Angola. Ontem fui comprar... acho que rosas, mas comprei um portobello, na verdade dois. Do menor vou usar metade para fazer a falsa trufa. A outra metade para fazer um patê para comer com umas lindas folhas de Acelga. Bato no liquidificador ( mais para despedaçar) o cogumelo portobello, com meia cebola roxa, 1 colher de concentrado de chá de alho, azeite, queijo fresco, tomilho, sal e pimenta do reino. Umas gotas de azeite trufado. Pate de figado de galinha que eu fiz, um dia explico.
Deposito na Acelga. Nham! Nham!

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