Comida de boteco: Torresmo de berinjela.

Comida de boteco. Torresmo de berinjela.

Sempre que penso em berinjelas, penso nos árabes e por associação de ideias em: álgebra e nas mil e uma noites. Sherazade conta que contou, narrou para adiar a morte à última noite dos tempos, o que faria da morte uma coisa sem sentido, não havendo mais tempo, talvez não haja a tal e uma noite, como súplica, por um pouquinho mais de vida. A berinjela é em si a primeira e a derradeira hora plasmada em real de nossa narrativa. A berinjela é o espanto. Por isso receitas com berinjelas são tantas quanto pessoas que ao vê-las sentem seu empuxo.

Comprei um quilo de banha de porco. Fritei nela um naco de bacon. A banha ganhou o aroma defumado do bacon. E nessa banha aromatizada, partindo dela fria, fritei estas tiras de berinjela. A berinjela deve estar branca esverdeada por dentro, suas sementes devem ter a mesma cor, se estiverem escuras, estas pepitas podem incomodar o mastigar e dar um amargor desnecessário ao prato. Tenho notado que as berinjelas se mais gordas, mais chochas, enquanto as mais jovens são consistentes, concentradas. Pele lisa, mais bem preta que lilás. Eu as vi douradas, provei, deixei ganharem mais cor, provei, achei que estava bom. Depositei-as sobre papel absorvente, salguei-as com escamas de sal, há nas boas casas do ramo.  
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