sibaritas e gourmets: gourmandises. O alho

O paladar é um sentido.
Todos os sentidos podem ser “educados”.
O paladar pode ser educado.
Há uma ordem ontológica, que ser ou não ser, não permite o terceiro, o médio, que negue o ser e o não ser ao mesmo tempo, para ser um terceiro. Chama-se terço excluso. Ou educa-se ou não educa-se.
Afirmo: educa-se.

Os taoistas dizem que o alho preto nos dá a imortalidade.
alho preto
assim que sou imortal, pois o comi, das mãos de um catalão maluco. Para cometer tal iguaria há que se ter uma estufa quente e úmida nos primeiros dias, para logo depois manter uma temperatura mais branda, mas o ambiente sempre úmido.



Há muito tomei um chá de alho como remédio para gripe. Suei e fedi por dias. Gastei inúmeros sabonetes “Febo” em vão. Ninguém me quis naqueles dias, sequer os vampiros, está verificado para mim que o alho espanta todos, incluso vampis.

Era o tempo em que cultuava A Dança dos Vampiros de Polansky e Nosferatu de Murnau.

Hoje chá de alho! Niet “нет» spassiva “спасибо”! Nein danke sehr. Foi lá que comecei a usar as “coisas” segundo um critério. Não como remédio e não me medico com paisagem e alimentos. Aliás não como a paisagem. Uso o alho metodicamente. Como condimento primaz, secundário.
Uso-o também como ingrediente principal, assado.

Se acaso for usar um dente de alho em uma determinada preparação, na qual desejo um tom picante que não sobressaia ao ingrediente principal, e ganhar do alho todo seu indomável sabor, escaldo o dente de alho por três vezes, de maneira rápida, sem permitir o seu cozimento. Esta é uma técnica que se pode usar para muitas outras matérias-primas como, basilicão, manjericão, alecrim etc. A técnica permite eliminar o gosto de “mato”. Um dia plantei uns dentes de alho num vaso,

e quando ainda não estavam granados, usei os tenros alhos na salada com tomate. Ainda não temos estes filigranas em nossa horticultura, por não haver o desejo. Em tudo praticamos a cultura de massa.
O alho sobressai a todos sabores e odores. É uma partícula de negação, porém necessária para o completo entendimento do prato, da frase, se a tomarmos como tal. Eu sou burro. Eu não sou burro. Assim se “carregar” no alho, coitada da chicória, da picanha. Existe uma combinação perfeita de alho frito “chips de alho” com basilicão, tomate fresco sobre a pizza que é uma redondilha maior. Há um ponto de fritura, note que o alho continua a fritar depois de retirado do azeite, retire-o um pouco antes. O alho forma uma grande dupla com a cebola. A análise combinatória nos dá 2! alho e cebola e, cebola e alho, mas há mais, há uma infinidade de combinações que é determinada pelo tempo de fogo. Cada uma com um resultado diverso. Verificaremos mais adiante, quando tratar do refogado.

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